23.2.05

Eça de Queiroz e eu. Uma viagem imaginária. (4)

A imponência do Castelo da Pena subjuga o visitante quando nos aproximamos pela estrada, íngreme, bordejada por pedras e muros de barro. Aqui e ali uma ou outra entrada para terrenos particulares, assinala a presença de construções de veraneio. De veraneio, porquanto de inverno Sintra é um suplício de humidade e quase sempre envolto em manto de nevoeiro. Mas voltando à Pena diremos que esta preciosidade constitui o mais completo e notável exemplar representativo da arquitectura portuguesa do Romantismo, remontando a 1840 o início da sua construção. Foi o Barão de Escheweg que o fez erguer sobre as ruínas de um antigo mosteiro, dando-lhe um majestoso “toque” inspirado nos castelos e palácios bávaros. Uma construção muito fantasiosa, mescla de arte mourisca, gótica e manuelina com uma forte inspiração no espírito Wagneriano dos castelo Schincker da Europa Central.
Do alto da Pena avistam-se largas paisagens que são um deleite para os olhos, mostrando a sensibilidade do Deus criador ao manusear o pincel naquela paleta. Simplesmente soberbo.
O Eça foi fazendo suas anotações, observando pequenos detalhes que ao comum dos mortais passariam despercebidos, mas que seriam importantes para o seu livro. O seu silêncio durante estes momentos, que eu respeitava, era uma forma de interiorizar aqueles locais, e que jorrariam como uma torrente de acontecimentos, quando deles precisasse para os seus escritos.
A jornada na serra estava terminada e regressámos a Sintra pelo mesmo caminho. Ali em baixo estava à nossa frente o lindo Palácio da Vila com as suas imponentes chaminés. Este é o único sobrevivente dos paços reais medievais em Portugal, tendo sido construído sobre a residência de antigos muçulmanos, e é paço real desde o início da monarquia. O aspecto actual deve-se aos reis D.João Primeiro e a D. Manuel Primeiro.