Papa à janela
Uma longa ausência destes escritos devido a afazeres que me ocuparam bastante, mas o regresso é sempre um regresso e, esperemos, uma renovação. Estamos em tempo de mudanças na Igreja, dificil tarefa de suceder a uma personalidade que marcou os últimos quase trinta anos.
Sempre fui um fã deste Papa João Paulo II. Habituei-me a acompanhar as suas visitas em todo o mundo, em especial a Portugal onde veio três ou quatro vezes, sempre em banhos de multidão de que sobressaíam sempre os jovens. Um Papa que tomou algumas medidas que marcaram o seu pontificado, criticadas por uns e apoiadas por outros, mas que revelam a sempre corajosa e assumida vida de luta deste pai Igreja. O mais significativo gesto foi a aproximação a outras confissões, sempre muito falada mas nunca tentada, e que cortou algumas barreiras, acabando por transformar esta relação em algo que pode ser muito importante e imparável na história da humanidade.
Numa das visitas a Portugal, Sua Santidade, na qualidade de convidado oficial, ficou instalado no Palácio Nacional de Queluz. A visita do Papa foi sempre uma enchente de pessoas, tornando impossível à maioria das pessoas vê-lo de perto, tendo optado por acompanhar todos os actos através da televisão.
Mas o apelo a tentar ver directamente este pastor da igreja, ao fim de tarde de um domingo,acabei levando a minha família até ao Palácio de Queluz, na tentativa de conseguir vê-lo. Como eu mais umas cinquenta pessoas ansiavam o mesmo. Ouviu-se um côro de vozes gritando "Papa à janela" na esperança de que Sua Santidade acorresse àquele chamamento. E eis que surpreendentemente, João Paulo II, quebrando todo o protocolo, e mais uma vez para estar junto das pessoas, assumou a uma das janelas e respondeu às palmas, e deu-nos a sua bênção.
Vimos o Papa a uns escasso dez metros de distância e esta imagem de serenidade e tranquilidade, ainda hoje me acompanha e me emociona de uma forma muito profunda. Com aquele gesto demonstrou o seu carisma e proximidade às pessoas, e isso foi uma das características deste Papa.
Nunca te esqueceremos João Paulo II.
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