17.8.06

Quando a tristeza toma conta

Quando a tristeza toma conta,
quando chega sem aviso,
e nos tira da frente dos olhos
o que de belo temos para ver,
e nos rouba os sentimentos e os sorrisos...
neste momento é chegada a hora
de sentar um pouco...
Sentar em um dos tantos espaços da vida,
quietinho, e muito lentamente,
trilhar o caminho ao início da mágoa,
à fonte da tristeza.
E chegando nela,
observar muito atentamente,
sentir com toda intensidade,
conhecer realmente e
encarar de frente a razão desta mágoa.

E a partir deste momento
projetar a saída para a VIDA,
para a paz novamente.
Porque lá chegando, no centro desta tristeza,
você terá sempre
caminhos a escolher.
Você pode escolher permanecer neste espaço de infelicidade,
sentir sua vida se esgotando,
e carregar com você pessoas que ama, que te amam, e
precisam de sua ajuda AINDA e SEMPRE.
E passará o que resta de sua vida
com uma lágrima nos olhos
e uma grande e pesada porta vedando seu coração.
Mas você pode perceber que existe
um caminho mais difícil de iniciar,
mas muito mais fácil de percorrer...

Você pode tentar se erguer
e dar o primeiro passo para a PAZ.
Porque sua tristeza pode ser imensa,
mas com certeza você tem por
perto uma, talvez até pequena,
fonte de felicidade.


Se dê uma chance e se entregue à esta pequena alegria,
deixe que um amigo se aproxime de você,
receba o beijo carinhoso de alguém
que precisa te amar,
e aceite caminhar de mãos dadas,
ainda que por pouco tempo.

E se além de imensa,
tua tristeza é irreparável,
sem chance alguma de
sair de uma vez de tua vida,
mesmo assim,
não desista.

Guarde em teu coração
o sentimento que esta tristeza cria em você.
Não fuja disto.

Enfrente isto!!!

Você vai então perceber,
que seu coração é imenso...
como é grande este nosso coração...
Porque mesmo com aquela tão nossa conhecida tristeza
ocupando nele seu espaço,
ainda assim, existe outro espaço infinito,
e quantos e quantos momentos de felicidade
podem ainda ser aninhados dentro
dele.


E apesar de serem "momentos" de felicidade,
de não serem eternos,
a lembrança desta felicidade
permanecerá eternamente com você.

Valorize cada uma destas lembranças.
Logo nos seus primeiros passos
em direção a um amigo, aa um amor,
você com certeza vai receber um sorriso.

Guarde consigo!!


Você quem sabe,
receberá um olhar afetuoso, um afago no rosto,
um cheiro de flor, um carinho de criança...
Guarde tudo isto em seu coração!!

Cada pedacinho de felicidade
te dá força e coragem para mais um passo.

Porque a VIDA é assim...
ou você se deixa escorregar fácil
e displicentemente pelas tristezas,
ou você constrói,
a cada dia e a cada minuto,
o SEU espaço quente e aconchegante de
FELICIDADE!!!

ACREDITE!!!

É MUITO IMPORTANTE
QUE VOCÊ SE SINTA FELIZ!!!


(autor ???)

Seria tão diferente



Seria tão diferente...
se os sonhos que a gente sonha
não terminassem tão de repente...

Seria tão diferente...
se os bons momentos da vida
durassem eternamente...

Seria tão diferente...
se a gente que a gente gosta
gostasse tambem da gente...

Seria tão diferente...
se quando a gente chorasse,
chorasse só de contente...

Seria tão diferente...
se a gente que a gente ama
sentisse o que a gente sente...

Mas, é tudo tão diferente!

Os sonhos que a gente sonha
terminam tão de repente!

A gente que a gente gosta
nem sempre gosta da gente!

E das muitas vezes que a gente chora,
poucas vezes são de contente!

E a gente que a gente ama
não sente o mesmo que a gente!


MAS PODERIA SER TÃO
DIFERENTE....

Autor desconhecido

17.3.06

Se pudéssemos escolher

(autor desconhecido)

Se eu pudesse escolher...
Seria feliz pelo menos, oito horas por dia.
Todos os dias.
Reservaria o tempo restante para viver as pequenas agruras naturais.
Mas seriam leves.
Porque haveria a certeza de que a cada dia
eu teria a minha cota de felicidade
Se eu pudesse escolher reservaria algumas horas,
todos os dias, para fazer só o que pudesse fazer os outros felizes
Se eu pudesse escolher, pararia qualquer coisa
que estivesse fazendo às cinco horas da tarde
E me sentaria para assistir ao pôr do sol.
Se eu pudesse escolher,
viveria entre o mar e as montanhas,
No meio do caminho.
Nem muito longe de um, nem muito longe do outro
Plantaria flores, teria vasos na janela,
muitos livros na cabeceira da cama e à noite, depois do trabalho ...
(Sim... porque se eu pudesse escolher
trabalharia sempre, produziria sempre)...
eu me sentaria para contemplar
o céu, as estrelas, a noite.
Se eu pudesse escolher, sorriria sempre.
Mas choraria também, às vezes,
para não esquecer o que a lágrima significa.
Viver só de sorrisos não é uma boa opção.
Se eu pudesse escolher,
faria uma declaração de amor todos os dias.
Só para sentir aquele sabor de ridículo
que nos enche alma
e que é imprescindível à felicidade.
Se eu pudesse escolher,
plantaria sementes
e “perderia” horas vendo-as germinar
e lamentaria por aquelas
que não conseguissem
se transformar em flor.
Se eu pudesse escolher,
viveria a vida de uma forma mais leve,
menos dolorosa, mais intensa, menos angustiante
Nem sempre temos como opções
as escolhas que faríamos
se pudéssemos escolher.
Mas há escolhas
que nos são oferecidas
sempre.
A de provocarmos sorrisos, de abraçarmos,
de dizermos que amamos para quem amamos
mesmo que eles não entendam o que é amor.
A possibilidade de transformarmos
dentro de nós o cenário e aprendermos que,
como não temos muitas escolhas...
precisamos viver quinze minutos
de felicidade com tanta intensidade
que eles possam ser transformados
em horas, dias, meses,
no tempo que escolheríamos...

Oiça aqui------>
http://pwp.netcabo.pt/educunha/se pudessemos escolher (Edu).mp3

24.2.06

As pessoas são como elos

As pessoas são como elos…
Elos que se entrelaçam pela força do destino.
Elos que se definem pelo livre arbítrio

Pessoas formam histórias.
Histórias de vida, com rumos pré destinados
O nosso eu acaba sendo formado de pessoas

Pessoas que amamos, pessoas que odiamos
Pessoas especiais ou insignificantes
Muitas ficam só um pouquinho connosco
Outras uma eternidade de tempo físico..
Outras ainda uma eternidade de tempo espiritual.
Essas permanecem connosco mesmo depois que o elo físico se rompe…
São personagens de relações eternas de amor
O rompimento doloroso só consegue provocar
O afastamento da matéria: do espírito jamais…
São essas pessoas que fundamentam nosso alicerce de vida

Elas vão e ficam ao mesmo tempo.
São pessoas que jamais nos deixam sós
Pelo simples facto de morarem em nossos corações…

Elas são elos inquebráveis, que nos tornam
Capazes de sermos também elos em outras vidas
Elos de amizade , elos de amor.

Assim é a corrente da vida onde as pessoas formam sempre elos…
Sinto que vivemos uma nova era de relacionamento feita também de elos
Elos virtuais, mas tão reais..
Elos que nos marcam tão profundamente.

Oiça aqui------------>
http://pwp.netcabo.pt/educunha/elos.mp3

10.2.06

Novas do meu amor (Eduardo Cunha)

Eu pedi às estrelas que me dessem novas de meu amor
Mas elas, entretidas em brilhar não me escutaram
Eu pedi às nuvens, eu pedi aos pássaros, e todos nada me disseram.
Então, elevei meu pensamento e deixei-o voar no espaço
Procurando-te encontrar e levar-te o meu abraço.

Voei, voei, e finalmente te encontrei minha feiticeira
O fascínio do teu sorriso e olhar me cativaram mais uma vez,
Me adormeceram, e me deram sensações que nunca antes havia sentido.
È feitiço, dirão uns, é amor dizem outros.
Eu sei que é um amor enfeitiçado,

Eu pedi aos ventos e às estrelas, e aos pássaros
Novas de meu amor e eles nada me disseram.
E então, acabei voando no meu pensamento e no fundo de meu coração.
E soube mais dentro de mim do que eles me poderiam trazer.
Afinal, eu não precisava de novas de meu amor.

2.2.06

Monólogo de Orpheu de Vinicius de Morais

15.1.06

Assaltante de vielas (Eduardo Cunha)

Numa azulada noite de Luar,
Como um assaltante de uma escura viela
Eu quero roubar teus afagos e carinhos,
Quero sentir a noite como ela é bela
Sonhando com teu corpo e tua alma.
Como um assaltante eu te quero levar
E, no dealbar da madrugada,
Quando a lua se esconder
Quero sentir que te não perdi e vou amar.
E nos calabouços da minha imaginação
Eu espiarei minha pena em te querer,
Sentirei temor pela minha carcereira
A quem um dia roubei os pensamentos
E que jamais, jamais lhos posso devolver.
E com grilhetas na alma me prendendo,
Vou estar esperando
Para te sempre assaltar e roubar
Teus carinhos e tuas ternuras.
Depois, nas escuras vielas do meu ser.
E nos gemidos de dor e de prazer
Se ficará a conhecer a ternura Entre uma mulher apaixonada e um larápio do amor.

Oiça aqui------->http://pwp.netcabo.pt/educunha/assaltante.mp3

12.1.06

Libertação (Eduardo Cunha)

Libertação.

Me deixem ser quem eu quero ser
Não quero ser aquilo que querem que eu seja.
Não quero grilhetas, nem sociais convenções
E outras limitações.
Eu Quero escolher
Eu Quero Viver e amar
Quem e quando entender.
Por favor
Não me prendam,
Me deixem mudar.
Quero cortar cordões umbilicais
Terminar
Procurar e
Esquecer o que fui
E passar a ser um outro e
Que ao acordar sinta,
Que a liberdade faz
Parte de mim, e
Que eu possa voar nas asas do vento e
Da imaginação, para outros lugares
E outras gentes.
Quero as chaves da porta
Que me prende.
Quero, quero, eu quero tudo isso,
E quero gritar bem alto
Minha dor
Meus tormentos,
Mas por favor me deixem
ser quem eu quero
Também sou desejo, sou amor
Quero viver,
Ainda que no caos da razão,
Mas quero a liberdade
De amar
De beber
E até de chorar.
Parem de me prender,
Me deixem sair.

Oiça aqui--------->http://pwp.netcabo.pt/educunha/libertação.mp3

5.1.06

As minhas duas mulheres especiais

Há uns vinte anos atrás, a minha vida e minha saúde começaram a modificar-se por via de uma doença neuromuscular, que aos pouco se foi apoderando de meus músculos reduzindo-os a simples e pequenas massas sem préstimo algum, condicionando o meu andar e movimentos normais de qualquer ser humano. Lentamente fui perdendo, primeiro, a capacidade de levantar as pontas dos pés, fazendo agravar aquilo que tecnicamente se define como pé pendente, e depois, os quadricípedes foram-se tornando massas de gordura e perdendo a tonicidade habitual, até que o andar só era possível pelo apoio de bengalas ou de vulgares canadianas.

Os sucessivos exames médicos não foram conclusivos, e ora se procurava por uma causa, pesquisando nos sistemas e ramais nervosos da coluna, ou fazendo sucessivas biopsias a que me sujeitei, por forma a retirar pequenas porções de músculo e nervo, que observadas microscópicamente pelos entendidos, e à luz dos conhecimentos então existentes, acabaram por arranjar causas em hipóteses pouco credíveis.

A verdade é que nada se concluindo de forma evidente e científica, restava tentar diminuir os impactos, promovendo o uso de fisioterapeutas e suas técnicas, mas tentando evitar exageros de tratamento, porque poderia estar em causa um aumento das progressão dos males, evitando o desgaste dos poucos músculos existentes.
E o tempo foi decorrendo com sessões que não fizeram nada de novo, nem mesmo no campo funcional. E a minha qualidade de vida foi drasticamente reduzida e meus horizontes temporais cada vez mais complicados e inatingíveis.

Assim se passaram dez anos em que nada se alterou no campo da doença, da sua identificação concreta, e do conhecimento médico sobre ela. Mas a ciência nesta área se desenvolveu mais nestes últimos dez anos que em quase nos últimos cinquenta, e em especial no campo da medicina, passaram a ser desvendados segredos e mistérios, que permitiram o conhecimento exacto de situações que antes estavam catalogadas e misturadas com muitas outras semelhantes.

É o caso de distrofias que são tantas, semelhantes, e com o mesmo resultado nos doentes – a degradação neuromuscular - e no fim se vão acabando por revelar com origens diferentes. Muitas destas doenças foram identificadas, umas conseguindo ter cura mas outras ainda, as genéticas, sabendo-se onde se encontra o “erro” genético, mas sem possibilidades de as resolver.

E foi assim que há cinco anos eu acabei sabendo que minha doença já catalogada e identificada se trata da redução ou inexistência de uma proteína da membrana celular, denominada “dysferlin”, e que foi identificada em finais de 1999. E assim passei a ser dono de uma maleita com nome, o que nada mais acrescentou à sua necessária cura, já que é uma doença órfã... Órfã porque existindo tão poucos doentes, os laboratórios não se preocupam muito com a pesquisa de tratamentos, pois o retorno do investimento não é assegurado.

Mas muito recentemente, ao tomar conhecimento de que existem vários graus de severidade da doença, em função da quantidade de disferlina existente, acabei relacionando isto com o facto de continuar a manter força muscular nos membros superiores, e de durante quase quarenta anos ter mantido uma massa muscular adequada à minha estatura, e que só depois de uma imobilização forçada de três meses, em que as massas musculares se tinha reduzido, a doença cavalgou e se instalou gradativamente.
Ora, portanto, nada impedia que se fosse efectuada uma correcta acção de recuperação muscular, os resultados se poderiam começar a sentir em alguns meses, se o nível de severidade de minha doença fosse reduzido, o que se desconhecia
E assim, voltei a fazer fisioterapia, apoiado por uma terapeuta de nova geração, profissional de qualificado conhecimento, e em pouco mais de dois meses nos apercebemos de que algo estava mudando nos movimentos e o crescimento de massas musculares se havia iniciado. É indescritível a satisfação que obtive, e a perspectivação de melhoras passaram a fazer parte do meu horizonte.
E se o meu empenho nos tratamentos, foi importante, não devo deixar de reconhecer a competência profissional da terapeuta Joana, que procurou resolver alguns bloqueamentos funcionais e que acabaram por resolver a qualidade de minha marcha. Era evidente que algo de importante estava a acontecer. Mas a fisioterapia por si só não era a única forma de providenciar recuperação, já que alguns aspectos relacionados com amplitudes de movimentos, e mesmo de esforço necessário, aconselhavam que me socorresse da hidroterapia, onde os movimentos são mais fáceis de executar e o nosso peso diminui de forma significativamente, permitindo esforços de maior performance, sem existência de cansaço.
São demais conhecidos os benefícios da natação, mas para mim constituiu novidade a quantidade de exercícios de musculação e movimentação possíveis de realizar. Escolhi as aulas de Hidroterapia das Piscinas do Estádio Nacional, onde encontrei uma profissional de valor e dedicação, que me conseguiu transmitir alegria e energia. A minha amiga licenciada em motricidade, de seu nome Mónica, foi a responsável por parte do meu êxito.
E assim a Joana e a Mónica são as mulheres que ocupam o centro de minha existência, e tornando-se cúmplices de uma recuperação provável e previsível. A elas o devo poder visualizar a luz no fundo do túnel das dificuldades, ao mesmo tempo que o meu ego começa crescendo, e de uma forma expressiva me faz renascer de esperança e de confiança. A ambas a minha profunda gratidão.

E todo este trabalho vai prosseguir pois com ele foi possível que iniciasse trabalhos de musculação, em máquinas comuns de ginásio, e que antes meus músculos não suportariam. Agora, tudo se encaminha para que em mais uns meses de trabalho se retorne a vinte anos atrás quando eu era um jovem cheio de força e vontade de viver.

O renascer está acontecendo.

Educunha
04Jan2006

30.11.05

Pedras no Caminho

A NOSSA VIDA...
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se um autor daprópria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis norecôndito da sua alma.
É agradecer a Deus, cada manhã, pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."(Fernando Pessoa)

26.11.05

As sem-razões do amor (Carlos Drumon de Andrade)

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,e nem sempre sabe sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça e com amor não se paga.
Amor é dado de graça, é semeado no vento,na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários e a regulamentos vários.
Eu te amo porque te amo bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte, e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

Renascer, renovar ou rejuvenescer

O renascer ou acto de voltar a nascer ou ainda e também uma forma de renovação ou de regresso a outros tempos ou épocas. Renovar, também, no sentido de rejuvenescer

A nossa vida é feita de momentos e tempos, ditos baixos ou altos, de melhor ou pior astral. Quando conseguimos superar os momentos piores então passamos a dar valor àquilo que tivemos de bom e que na época não reconhecêramos como tal..
Sempre foi assim e o ser humano raramente se lembra quando vive momentos bons, que pode também vir a ter momentos piores. E é aqui que vale a capacidade organizativa e previsional da vida, como forma de diminuir o impacto negativo dos momentos piores.

Ele há gente tão arrumadinha, e tão bem prevista, que quando com eles me comparo acabo por me sentir um ser tão vulgar, com seus erros e angústias, e vivendo sempre na incerteza.
Mesmo nas questões de saúde assume importância o cuidado e programação de actos de rastreio, como formas de evitar muitas e desagradáveis surpresas.

Durante a última década e meia vivi a angústia de me ver diminuindo fisicamente pelo avançar de uma doença muscular progressiva e sem cura. Era recomendado que fosse tentando movimentar-me, mas nunca fui aconselhado a fazer um programa de recuperação fisiterapêutico que, segundo os sábios da medicina, iria piorar a situação pois pelo esforço se desgastariam as poucas fibras musculares,

E foi assim que o tempo foi decorrendo, sem qualquer vislumbre de solução médica e em que me via cada vez menos funcional na movimentação das exigências do dia a dia de qualquer ser humano. Há uns quatro anos deixei de ter uma doença de etiologia desconhecida, e passei a ter uma doença genética incapacitante e progressiva, em que o equilíbrio entre as células das fibras musculares, que morrem e as que nascem se desequilibraria a favor das primeiras. Foi um diagnóstico suportado por estudos e observação directa, com olho em directo na célula através de potente microscópio electrónico, e também pelos avanços da medicina, que se desenvolveu mais em uma quinzena de anos que no século todo anterior.

E ganhou forma uma nova maneira de encarar a necessidade da fisioterapia como ajuda a uma melhor funcionalidade, exercendo sobre os músculos sobrantes uma selectiva e cuidada acção de manutenção e crescimento, o que contrariava toda anterior teoria.

Seis meses decorridos após o início de sessões de fisioterapia e hidroterapia, que me esgotavam após cada sessão, vi começarem a aparecer os primeiros resultados, em pequenas tarefas do quotidiano e na minha própria movimentação.

O nível dos progressos adquiridos, tem sido gerador de uma forma de optimismo, que tonifica e ajuda a querer fazer mais e mais, como que a pretender recuperar o tempo perdido. È esta a renovação a que eu me refiro, promissora de que brevemente retornarei a níveis de autonomia anteriores ao aparecimento dos problemas. O estímulo do progresso rejuvenesce e incentiva ao esforço em fazer mais.

O regresso ao passado, com esperança no futuro.

30.6.05

Escrever sem tema

Escrever um texto sem ter tema é uma tarefa sempre muito difícil de levar até ao fim.
Debitar frases e palavras para o processador de texto acaba sendo uma maneira de esperar que despertem os neurónios e comece a fluir um tema, e algumas vezes o resultado surpreende-nos.

Realizou-se mais uma daquelas reuniões-jantares de lobitangas, a que me habituei a ir, este ano, depois de anos e de várias insistências do meu primo Cunha, que é um dos permanentes nestas coisas que ao Lobito dizem respeito. E acabei indo, não sem uma sensação de angústia na primeira vez, pois há mais de trinta anos estava afastado dos meus amigos e colegas, e temia que me não reconhecessem, ou que eu não os identificasse naquele espaço onde vivera. Sensação que acaba por ser a de todos aqueles que ali vão depois de longa ausência.

E o resultado é surpreendente e surge uma capacidade em associar a memória visual à memória auditiva, onde os timbres de algumas características vozes, que juntos a pequenos detalhes fisionómicos, acabam por revelar quem é o nosso interlocutor. E muitas outras recordações acabam jorrando e dando o seu contributo a uma sensação de satisfação e alegria no reencontro. Comigo tem sido assim.

O que leva trinta e tantos anos depois, um ser humano a manter acesa esta chama?
A resposta só pode ser encontrada e estruturada no facto de necessitarmos de reencontrar as nossas raízes, e assim, procurar esses elos ao passado, representado pelos nossos amigos e companheiros de brincadeira da nossa meninice ou aventuras da nossa adolescência. E há um desencadear de acontecimentos que há muito estavam esquecidos nas gavetinhas da nossa memória, e que pelos estímulos que nos transportam a dezenas de anos atrás, vamos vendo desfilar.

Mas esta realidade encerra uma outra situação interessante que faz com que muitos dos que vamos encontrando, e que não faziam parte directamente do rol dos nossos amigos, e das nossas relações mas com quem apenas trocávamos um aceno e um cumprimento, e que eram apenas conhecidos – puxa somos do mesmo kimbo. – talvez por nos encontrarmos na mesma situação de desenraizamento e onde a nostalgia dos idos tempos, nos faz aproximar e relacionar, acabam assumindo uma relação de maior proximidade.

Um sociólogo habituado a estudar e analisar estas situações lhe daria uma forma e apresentação científica e mais esclarecida, o que sinceramente não é o meu caso. Eu apenas tentei verter para o meu blogue mais esta observação que acabou sendo um texto escrito sem tema

31.5.05


Cart�o de QSL de CR6AA  Posted by Hello

O Lobito - Álvaro de Carvalho e a radiodifusão em Angola

O Lobito foi berço da rádio no sul de Angola, e muitos lobitangas desconhecem estes episódios que fazem parte da história da radiodifusão de angolana. Não pretendo fazer história ou descrevê-la com exacta forma como qualquer episódio deve ser tratado, mas tão-somente dar a conhecer o que se passou.

Depois do início das emissões do Rádio Clube de Angola, em Luanda, um movimento de entusiastas no Lobitos acabou exigindo ao Governo da província apoios equivalentes ao que foram concedidos à rádio luandense. Estávamos na época da segunda guerra, e o entusiasta radioamador Álvaro de Carvalho, CR6AA de seu indicativo, construiu o emissor e foi a partir de sua casa que foram feitas as primeiras emissões. Posteriormente foram feitas novas instalações – o célebre edifício em forma de bolo – e já nos anos sessenta a nova sede na zona da colina.

Para a maioria dos antigos residentes deve ter passada despercebida uma vivenda na Avenida do Império, na esquina do quarteirão seguinte à casa da Purfina, e em frente da casa do caçador Cabral. Naquele exacto local foram feitas as primeiras emissões, com umas antenas montadas entre torres e mastros, que provavelmente ainda lá se encontram. Curiosamente as emissões foram escutadas primeiro no exterior de Angola, devido à frequência utilizada, mas posteriormente passou a trabalhar na banda dos 42 metros e então passou a ser recebida em toda a Angola.

Como sou entusiasta destas coisas do radioamadorismo, embora não tivesse sido meu conhecido, Álvaro de Carvalho sempre foi uma referência, não só por ser detentor do primeiro indicativo oficial, mas também porque a sua entrega à comunidade lobitense, construindo, e colocando em emissão o primeiro equipamento de uma radiofónica no sul de Angola, constitui um exemplo perfeito do cumprimento do preceito do decálogo do radioamadorismo.

27.5.05


Recanto da Restinga Posted by Hello

O Lobito - Recordações da juventude (3)

As embarcações regressavam a terra normalmente na hora do almoço, e passavam juntinho ao areal, com as velas recolhidas e impelidas pela força dos remos. Os pescadores iam anunciando os seus peixes pescados horas antes no alto mar. Algumas vezes a transparência da água, com uma profundidade que não ultrapassava um metro, permitia encontrar um ou outro choco, que acabava atingido pelo remo lançado em jeito de lança. Quando acontecia acertar no bicho, acrescentavam-no aos produtos de mar a vender.

- Boa garoupa, cherne, espada grande, pargo mulato patrão.… anunciavam eles, e o produto era ali mesmo comerciado. Aquilo era verdadeiramente, de boa qualidade e mais fresco não poderia haver.

Esta imagem, que muitas vezes vivi, porque a nossa casa era debruçada para a baía, como acontecia a quem residia no lado interior da restinga, sempre me acompanhou e aqui quero recordar os pescadores de profissão do Lobito.

Em frágeis embarcações de madeira, vulgarmente designadas de “chatas”, devido ao fundo direito sem quilha, dotado de um sistema de fixação de vela composto por um mastro de eucalipto, esquio e alto, colocado a meio da embarcação e cruzando um latino bastardo. As velas eram feitas de retalhos de lona clara ligados entre si, por vezes tão remendados e com aberturas por onde o vento que as impelia se ia escapando. A tripulação era composta de três a cinco pescadores. Homens feitos na dura lide do mar, envelhecidos e com alguns cabelos brancos. O negro para ter muitos cabelos brancos precisa de ser muito velho.

De madrugada partiam do designado Lobito velho, no local onde o banco de areia se formou para dar origem à restinga, e, aproveitando o vento junto à costa dirigiam-se à entrada do canal e dali inflectido para noroeste apoitavam a cerca de meia milha, iniciando a sua faina de pesca à linha, até que, satisfeitos e naturalmente cansados, regressavam ao interior da baía, bordejando junto à praia até cerca das chamadas casa da Mineira, e iam vendendo o seu produto. Daqui atravessavam a baia e regressavam á costa do velho Lobito.

Algumas embarcações eram feitas de bimba pelos pescadores da praia da Bebé, transportavam um a dois pescadores. Eram embarcações feitas com uma espécie de madeira pouco lenhosa, tipo balsa, e pouco resistente, mas muito leve e que flutuava bastante bem. Os troncos eram juntos uns aos outros com cavilhas de madeira, e a disposição dos troncos era singular pois a parte mais grossa dos mesmos constituía a ré da embarcação, enquanto a proa era aguçada e constituída pela união das pontas mais delgadas dos troncos. A sua flutuação era garantida pelo material, e pelas uniões entre os troncos entrava a água que servia para manter o pescado vivo, e os pés frescos…

Eu tive uma bimba que comprei a um pescador conhecido por uma centena de angolares. Com ela fiz também as minhas pescarias e eu e os meus amigos dela usámos e brincámos até ao dia em que de tanto ser usada e não tratada, acabou partindo-se.

É verdadeiramente digno de registo, a coragem destes pescadores que nestas embarcações tão frágeis se aventuravam em busca do seu ganha pão. Não sei se essa comunidade de pescadores ainda faz o mesmo, que há quarenta anos, se continuam tendo o seu cliente de praia, ou se simplesmente já não existem.



25.5.05


Foto actual do Lobito Sports Clube... Onde está a água da piscina ? Posted by Hello

O Lobito - Recordações da juventude (2)


Dezoito de Julho de mil novecentos e cinquenta. O Douglas DC-3, matrícula CR-LBK construído quatro anos antes, começou a descida para perfurar o nevoeiro intenso do cacimbo angolano. Aproximava-se do Bocoio e dentro de pouco mais de vinte minutos estaria rolando na pista do aeroporto do Lobito. A aeronave agitou-se devido a diferentes pressões que atravessava, transmitindo alguma vibração à estrutura, e aos seus ocupantes. Após alguns minutos de voo sem visibilidade, e quando deveria começar a aparecer na linha do horizonte o mar de Angola, deu-se um embate violento contra a montanha, seguindo-se um incêndio imediato, espalhando-se numa vasta área, os restos da aeronave e o seu conteúdo. O piloto havia iniciado as manobras de descida, demasiado cedo e um erro de altitude estaria na causa do acidente. Todos os ocupantes, três tripulantes e seis passageiros acabam de perder a sua vida. Era o primeiro acidente aéreo em Angola, com um avião da DTA Direcção de Transportes Aéreos.

A cerca de trezentos quilómetros de distância para o interior planáltico de Angola, uma família via alterada a sua vida, pela morte precoce do seu marido e pai, um jovem de 25 anos de idade, que ao Lobito se deslocava para ali procurar casa para a instalação da família. Este jovem era o meu pai, e a sua morte condicionou e alterou de tal forma a nossa vida, que hoje passados mais de cinquenta anos, estou fazendo uma apreciação do que poderia ter sido e do que foi a nossa vida.

Este episódio acabou alterando a decisão que meu pai havia tomado de irmos residir para o Lobito, onde meu avô materno residia há alguns anos, e onde previsivelmente a família iria continuar a crescer. Eis porque não sendo um lobitanga de nascença, o sou de coração e com profundas ligações afectivas.

Quando passava as férias grandes com meu avô na casa junto aos armazéns, havia um barbeiro que lá aparecia em casa ao domingo de manhã, fazendo-se transportar numa bicicleta, meio de transporte muito habitual porque as planuras do terreno a isso permitiam, e lá vinha ele com a sua maleta e as máquinas podadoras do cabelos, tesouras e toda aquele ferramental para boa execução da tarefa. Eu achava engraçada aquele hábito, já que em Nova Lisboa, estava habituado a ir ao Grazina, barbeiro na alta, junto ao Rádio Clube e frente à oficina de bicicletas do Faísca, que anos mais tarde virou taxista com um belo Mercedes com espelhos retrovisores nos guarda--lamas. Anos mais tarde, este barbeiro de domingos, abriu o Salão Central que eu e o avô continuámos a frequentar.

A imensa baía do Lobito oferecia ao amante da pesca a possibilidade de regressar a casa com uma boa pescaria. Dias havia em que o maldito peixe entrava de greve e nem um só acaba por trincar o isco, felizmente que eram mais os dias em que o pessoal acabava regressando com peixe para a casa e para os amigos e família.

Quando ia de férias deliciava-me com as tardes de sábado em que com o meu tio Manecas Cunha, lá íamos apanhar o barco às instalações do LSC, junto da Capitania, e navegávamos até à entrada do canal da baía, mais perto do farol do Quileva, e ali, em zona rochosa, íamos dando conta de umas quantas garoupas. Depois íamos mudando a embarcação para zonas com fundo de areia, portanto mais perto da ponta da restinga e aí tentar apanhar outro tipo de peixe. Antes do regresso, era obrigatório umas voltas para a pesca de corrico, pesca feita com a embarcação em marcha lenta e onde uma amostra de isco, em madeira e cheia de anzóis era arrastada. Quando confundida com um peixe, era “abocanhada”, naturalmente por peixes de maior dimensão, e que davam uma luta terrível para serem arrastadas. A emoção acabava por fazer com que o regresso fosse feito já com a noite instalada e com as luzes das ruas a ajudarem a identificar as posições. Mas o trabalho ainda não terminara pois havia ainda que colocar o motor fora de bordo a trabalhar em água doce, para evitar a corrosão. Anos mais tarde o a nova sede do LSC proporcionou excelentes condições ao manuseamento e tratamento das embarcações.

Esta era uma das ligações ao mar que aquela maravilhosa terra permitia, e que muitas saudades a todos nos trazem. Recordar é viver.



21.5.05


A nossa casa virada para a baía do Lobito Posted by Hello

O Lobito - Recordações da juventude

Olá Amigos

Estando os meus avós a residir no Lobito, habituei-me desde muito tenra idade e viver naquela terra, onde passei sempre os três meses de férias, até que em 1963, ali passei a residir. Em 1968 fui cumprir o serviço militar e mantive sempre contacto com aquela terra, e despedi-me dela definitivamente em Outubro de 1975, com os olhos a não conterem as lágrimas, quando me fui despedir de meus avós que entenderam prosseguir a sua permanência no Lobito o que aconteceu até 1984, se não estou errado.
É por isso que embora não nascido no Lobito eu me sinto um Lobitanga já que os melhores amigos e com os quais me correspondo, foram ganhos e cimentados nas traquinices da nossa mocidade ali passada.

Graças à Sanzalangola reencontrei muitos de quem nada sabia, conheci outros que sabia existirem mas que não nos havíamos ainda cruzado, e principalmente acabei reencontrando os ténues fios que me ligam ao meu passado, e que agora, depois de reformado, e com mais tempo disponível, quero reforçar. È que se para muitos a terra deles está acessível a umas horas de viagem de automóvel, para nós angolanos, longe da terra que nos viu nascer, acabamos por sentir necessidade de manter acesas e vivas as recordações da nossa juventude como forma de nos afirmarmos como tendo passado.

Nem sempre a disposição para escrever è a melhor, mas vou lendo e mantenho-me atento ao que se vai dizendo e escrevendo, e vou recebendo e arquivando fotos antigas e actuais daquela cidade maravilhosa, que a todos proporcionou um crescimento na juventude, revestido de uma qualidade impar.

A primeira casa que me recordo de viver no Lobito foi numa casa que tinha uma varanda enorme em madeira, virada para a baía, ao lado de uns armazéns de vinho do Teotónio Pereira, onde anos mais tarde na década de sessenta a Mocidade Portuguesa tinha o estaleiro e armazém das embarcações de remo.
Ainda me recorda a primeira vez que fui com meu avô ver o terreno onde seria construída a nossa casa, na ponta da restinga, um extenso areal com coqueiros e casuarinas para a retenção das areias. Estávamos em mil novecentos e cinquenta e um e recordo-me bem desta data porquanto tenho uma foto dos meus cinco anos feitosd no Lobito, e a minha memória associou essa data com a construção da casa . Nada ali havia em redor e até à ponta do farol haveria talvez mais umas três ou quatro vivendas.

O local transformou-se num aprazível lugar com um jardim tratado e onde estava o Poeta, uma escultura de autoria do Dr. Canhão Bernardes, numa casa e que, hoje ao rever as imagens recentes, vejo o abandono em que se encontra, sem os quatro enormes coqueiros que lhe davam uma protecção aos excessivos raios solares, e sem os cuidados que meu avô Madeira lhe dedicava, mantendo sempre a pintura de azul celeste, de que hoje existe uma muito pálida imagem. A praia frente ao jardim está muito diferente, com os avanços da água das marés que lhe foi retirando areia e acabou destruindo as casuarinas que ali havia. Mesmo de frente de nossa casa foi ali construído um paredão com cerca de trinta metros pois o avanço das águas nos finais dos anos cinquenta assim o obrigou. Desse paredão pescava em dias de maré-alta, e por ele subia e descia. No extremo desse paredão, para o lado sul, reencontrei o coqueiro que ali plantei em 1970, quando em Março, por altura da calema, vi aquela planta a ser arrastada pelas águas que atravessavam a restinga, vindas do alto do mar, junto às velhas casas onde moravam os Diniz. Como que agradecida, a planta vingou e cresceu transformando-se num belo coqueiro.

Recordo também os momentos em que estando na água do lado da baía, me chamavam de casa, com um apito, para ir almoçar. Uma passagem pelo jardim e uma mangueirada de água doce, subir as escadas, vestir a roupa seca e logo após o almoço, o regresso às lides marinhas… Que qualidade de vida. Falo nisto a meus filhos, naturais também, de Angola, mas dali saídos com dois e três anos, e que portanto não haviam vivido e beneficiado de tais mordomias…

Eu estudei no Colégio Camões, onde fui fazer o meu quinto ano. Como era um jovem bastante encorpado, comparativamente como os meus colegas, um deles, de nome Pita, e de quem nada sei desde essa altura, apelidou-me de BigJoe, e assim acabei sendo mais conhecido pela alcunha que pelo meu nome.

Segue oportunamente.

12.4.05

Fumo, droga consentida, ou o cinismo dos governos

Fui fumador durante quase quarenta anos. Não fumava como se disso dependesse a vida, mas tinha mais um vício de acender e deixar queimar os cigarros, que a maioria das vezes ardiam nos cinzeiros. Tudo fica empestado, desde o ambiente envolvente às minhas roupas, mãos, boca e cabelo. E eu, como a maioria dos fumadores, não me apercebia disso, achava mesmo que os outros eram uns exagerados e uns fundamentalistas antitabágicos. Hoje, verifico que era um acto condicionado e porventura uma demonstração de fraqueza mental muito condenável. Passei a respirar bem melhor, sem aquela tosse de fazer sentir os pulmões desfazerem-se e principalmente, passei a abominar o cheiro do tabaco, afastando-me e repelindo quem dele ainda faz uso. E ao beijar as faces de amigas fumadoras passei a sentir e abominar o odor que nunca antes experimentara. Tem valido a pena e aconselho os meus amigos a libertarem-se e sentirem-se outros.

Mas não era só sobre as vantagens de me ter tornado não fumador, que estou escrevendo. Sendo o tabaco uma droga legal, e que os estados tributam com pesadas taxas, acaba por ser um produto apetecido pelas redes de contrabando. Mas o mesmo estado que proíbe a publicidade, e que cada vez mais aumenta os impostos aos fumadores, e que obriga a identificar os malefícios do tabaco em letras garrafais nas embalagens, é um estado cínico que tira uma vantagem económica deste negócio e depois diz que gasta muito dinheiro a tratar os doentes vitimas do tabaco. Em que ficamos afinal?. Sei que o problema é de difícil resolução, mas algumas outras medidas poderiam ser tomadas, além da repressão aos fumadores, guetizando-os nos locais de trabalho e locais públicos. Promovendo, por exemplo, mais facilidade na obtenção de consultas anti-tabájicas, reduzindo impostos dos medicamentos e produtos para esse tratamento por forma tornar mais acessível e económico e poder ser assim mais abrangente a muitos candidatos a não fumadores. Esperar mais de dois meses por uma ajuda médica, e ainda gastar bastante dinheiro nos medicamentos, não é forma de incentivar alguém.
Mas os governos são um poço de cinismo e olham apenas a perspectiva economicista das empresas de tabaco, e dos proveitos, para o estado, que elas podem dar.
Até quando ?

6.4.05

O Morse do chefe Belchior

Ao lêr Gabriel García Márquez no livro “Memória das minhas putas tristes” diz o autor que "fora durante quarenta anos o inflacionador de telegramas de El Diário de la Paz, que consistia em em reconstruir em prosa indígena as noticias do mundo que apanhávam pelo ar no espaço sideral pelas ondas curtas ou pelo código morse". Esta declaração deste escritor nascido no seio do jornalismo fez-me recordar um episódio passado há mais de cinquenta anos, em Angola, na cidade de Nova Lisboa, hoje Huambo

Nasci no Lubango, no sul de Angola, por capricho de minha mãe que quiz ter o seu primeiro filho, junto e com o apoio dos pais, meus avós, que viviam em Sá da Bandeira, e acabei depois crescendo e vivendo em Nova Lisboa onde fui concebido.

A 17 de Julho de 1950 meu pai faleceu num acidente de aviação, quando um avião DC3 das linhas aéreas de Angola se despenhou na Serra do Bocoio a umas dezenas de quilómetros do Lobito para onde o meu pai se dirigia. Este episódio alterou profundamente a vida de minha mãe, viúva muito jovem, e com dois filhos de muito tenra idade, com um e com três anos. A nossa vida passou por um grande apoio familiar de parte dos meus tios Quinhas e Zé Kamdimba, cedendo à minha mãe, uma pequena casa no rés-do chão no prédio da sua casa, e onde passámos a viver. Sempre teremos esta dívida de gratidão para com estas excelentes pessoas.
Minha adorada mãe foi então procurar trabalho, concorrendo para os correios e teve de ir à capital, Luanda, tomar posse do lugar de funcionário de correios. Era assim naquele tempo. A descentralização era desconhecida, e tudo estava concentrado e se tratava na capital da colónia. Para se resolver algum assunto lá se teria de pedir ao Tio Agostinho Marques Trindade, que era Engenheiro da Bricom, pessoa muito conhecida em Luanda, uma figura volumosa, com voz tonitroante e com uns olhos grandes, muito amigo de seu amigo, e que acabava sempre conseguir abrir ou ajudar a abrir as portas. E assim, a Lilita, nome familiar de minha mãe, começou vendendo selos e fazendo registos de cartas na velha estação dos correios no jardim da alta. Ali acabou conhecendo um colega de profissão, e três anos passados sobre a morte de meu pai, consorciaram-se e fomos viver para uma outra casa no bairro da Calumanda durante um ano, até que ficasse vaga a casa dos Correios, que o Belchior Mendes, era esse seu nome, tinha direito por entretanto ter sido nomeado chefe da estação dos correios. Na Calumanda nasceu a minha querida irmã Belinha diminuitivo de Anabela.
O nosso padrasto, era chamado por nós de padrinho, e era um excelente radiotelegrafista e naquele tempo as notícias eram recebidas do modo que refere Gabriel García Márquez, letra a letra, descodificando o código morse que era transmitido pela Press Lusitanea a partir de Portugal. E os textos eram batidos à máquina de escrever Remington, em papel especialmente desenhado para o efeito. Levava cerca de uma hora a receber todo o serviço, que depois era disponibilizado ao Jornal do Planalto e ao Rádio Clube do Huambo. Aquela transmissão era feita a horários certos, duas ou três vezes por dia, de modo a permitir que, se existisse qualquer atrazo, ou dificuldade de propagação, o texto integral era recebido.

Eu que tinha na altura os meus sete anos acompanhava estes trabalhos, principalmente aos domingos, quando às sete da manha, o Chefe como era carinhosamente por nós chamado, ia para a estação de telecomunicações dos correios, sintonizava o sinal num enorme receptor da RCA com duas enormes rodas de quadrante com umas escalas em quilociclos – mais tarde vim a saber que se chamavam de VFO – e o sinal jorrava pelos auscultadores.

Anos mais tarde, aí por volta dos meus dezasseis anos colaborava nos serviços técnicos do Rádio Clube de Malange, como operador de técnica, e recebemos uns receptores da marca Hamarlund, para fazer o trabalho de “inflaccionador” de notícias como descreve GGM. E era mesmo verdade, pois muitos acontecimentos eram aumentados na sua dimensão e espectacularidade por forma a gerar mais emoção aos radiouvintes.

E foi aí que o bicho das telecomunicações me começou a “morder”, e ainda hoje, continuo dedicando muito tempo ao amadorismo de rádio. E foi o chefe o responsável.






O cú e as calças, uma relação de proximidade

O meu tio Humberto era uma simpática figura de gargalhada fácil e de descontração. Muito conhecido em Angola onde trabalhava nos caminhos de ferro, como engenheiro inspector, foi sempre considerado pelos seus pares um excelente técnico em cálculo de esforço. Era um grande conversador e dotado de uma sensibilidade para a música, assobiando sempre as suas árias preferidas. Era pouco discreto nas suas explosivas gargalhadas que o identificavam de imediato, e contagiava quem o ouvia. Enfim, um homem bem disposto para a vida e tirando dela partido em tudo o que podia. Alguns na família diziam que ele tinha pancada, mas outros riam-se muito com o tio.
São muito conhecidos de toda a família episódios com o tio Humberto figura que com o irmão, o nosso tio Agostinho Marques Trindade, faziam um núcleo de membros da família, à volta do qual giravam muitas histórias de descontração, e que dezenas de anos após desaparecerem ainda a familia os recorda e se ri.
Durante a visita do Governador Geral de Angola o Agapito ao porto do Lobito, ele fazia parte da comitiva que acompanhava aquele dirigente, não só porque se tratava de uma obra dos Portos e Caminhos de Ferro, mas porque o Agapito fazia questão de que o Humberto, que conhecia há muito, estivesse presente.
A certo momento, num comentário sobre a obra que estavam visitando, foi respondido pelo Humberto de forma lateral, o que levou o Agapito a perguntar-lhe. Óh Humberto que tem a ver o cú com as calças. Esta era a forma do Agapito lidar com as situações. Frontal e directo. Mas o Humberto, que não lhe ficava atrás, por isso mesmo até eram amigos, respondeu-lhe, mantendo o respeito pelo governante, já que havia mais pessoas por perto, "que a relação era de proximidade senhor governador". Desmancharam-se todos a rir e o episódio passou à história.

5.4.05

Papa à janela

Uma longa ausência destes escritos devido a afazeres que me ocuparam bastante, mas o regresso é sempre um regresso e, esperemos, uma renovação. Estamos em tempo de mudanças na Igreja, dificil tarefa de suceder a uma personalidade que marcou os últimos quase trinta anos.
Sempre fui um fã deste Papa João Paulo II. Habituei-me a acompanhar as suas visitas em todo o mundo, em especial a Portugal onde veio três ou quatro vezes, sempre em banhos de multidão de que sobressaíam sempre os jovens. Um Papa que tomou algumas medidas que marcaram o seu pontificado, criticadas por uns e apoiadas por outros, mas que revelam a sempre corajosa e assumida vida de luta deste pai Igreja. O mais significativo gesto foi a aproximação a outras confissões, sempre muito falada mas nunca tentada, e que cortou algumas barreiras, acabando por transformar esta relação em algo que pode ser muito importante e imparável na história da humanidade.
Numa das visitas a Portugal, Sua Santidade, na qualidade de convidado oficial, ficou instalado no Palácio Nacional de Queluz. A visita do Papa foi sempre uma enchente de pessoas, tornando impossível à maioria das pessoas vê-lo de perto, tendo optado por acompanhar todos os actos através da televisão.
Mas o apelo a tentar ver directamente este pastor da igreja, ao fim de tarde de um domingo,acabei levando a minha família até ao Palácio de Queluz, na tentativa de conseguir vê-lo. Como eu mais umas cinquenta pessoas ansiavam o mesmo. Ouviu-se um côro de vozes gritando "Papa à janela" na esperança de que Sua Santidade acorresse àquele chamamento. E eis que surpreendentemente, João Paulo II, quebrando todo o protocolo, e mais uma vez para estar junto das pessoas, assumou a uma das janelas e respondeu às palmas, e deu-nos a sua bênção.
Vimos o Papa a uns escasso dez metros de distância e esta imagem de serenidade e tranquilidade, ainda hoje me acompanha e me emociona de uma forma muito profunda. Com aquele gesto demonstrou o seu carisma e proximidade às pessoas, e isso foi uma das características deste Papa.
Nunca te esqueceremos João Paulo II.

27.2.05


Outra vista dos jardins do palácio de Queluz Posted by Hello

Uma estátua e fonte dos jardins do palácio de Queluz Posted by Hello

Eça de Queiroz e eu. Uma viagem imaginária. (6)

Encetámos a nossa viagem de regresso a Lisboa, com uma paragem no Palácio de Queluz. A carruagem puxada por dois cavalos e conduzida por um cocheiro experimentado percorreu as pouco mais de duas léguas e meia, pelo caminho inverso da ida. Tempo para rever as paisagens e terrenos circundantes. Em pouco mais de hora e meia chegámos ao alto de Belas, e depois da descida, percorridos pouco mais de um quarto de légua avistámos o nosso destino. Aproximámo-nos pelo lado do nascente, passámos a ponte da ribeira do Jamor – que atravessa aos jardins do palácio – e eis que nos encontramos no largo de entrada deste excelente monumento. Foi o infante D.Pedro futuro rei D.Pedro III quem contratou o Arquitecto Mateus Vicente de Oliveira para transformar esta casa de caça do séc. XVII num palácio de Verão em estilo rococó. O corpo principal do Palácio, construído até 1758, concluiu-se depois do casamento de D. Pedro com D. Maria Francisca, futura Rainha D. Maria I (1760). Por esta altura, enobreceram-se os ricos salões, bem como os encantadores jardins, com os mais variados tipos de fontes barrocas, azulejos e estátuas de mármore coloridas e douradas, influência de modelos característicos ingleses, com predominância de figuras da mitologia clássica e alegorias das estações do ano. São excelentes locais de descanso, com enormes áreas plantadas de vegetação arbórea e áreas relvadas. Das estátuas jorra a água que cai em tanques com peixes de cor diversa.

Jean Baptiste Robillion foi o mestre francês responsável pelo magnífico Pavilhão Robillion, pelos arranjos exteriores e pela renovação. Visitámos aqueles espaços do Palácio graças à ajuda de um dos almoxarifes, meu conhecido de longa data, e, porque suas majestades estavam por aquela altura na Pena.
Neste locais brincou D. Pedro rei de Portugal e primeiro imperador do Brasil, que ali nascera em 1798. Era filho de D. João VI e de Carlota Joaquina.
Regressámos a Lisboa nesse fim de tarde de verão.
Em Junho de 1888 surge à venda a obra de Eça de Queiroz, Os Maias.

Monserrate noutra bela imagem. Posted by Hello

Parque e palácio de Monserrate na exuberante paisagem de Sintra. Posted by Hello

Setais e o seu arco triunfal. Posted by Hello

Palácio de Sintra. Um paço medieval interessante. Posted by Hello

Eça de Queiroz e eu. Uma viagem imaginária. (5)

Regressámos ao Lawrence para um retemperador banho, e para jantar um excelente bacalhau à Alencar acompanhado de um tinto vinho de areia de Colares. (vinhas plantadas em terrenos arenosos), região que fica ali mesmo ao lado de Sintra. Depois do repasto fomos à sala de fumo onde o Eça colocou um charuto na boquilha, que fumou enquanto saboreávamos um cognac. Conversámos sobre a jornada do dia desde que havíamos saído de Lisboa. Fora um dia cansativo, aos solavancos, mas tinha sido excelente pois os seus apontamentos sobre Sintra estavam, agora, mais actualizados e seriam certamente úteis para a feitura do livro. Eram vinte horas e recolhemo-nos, pois no dia seguinte teríamos mais uma jornada porventura cansativa.
Manhã cedo, mal o sol se via, fomos acordados como pedíramos, pois queríamos ir a Monserrate e a Seteais visitar seus Palácios, e ainda no regresso a Lisboa passar em Queluz. Tomámos o nosso pequeno almoço e aguardámos a chegada da carruagem.
Chegámos a Seteais, atravessámos uma extensa área jardinada bem tratada, e entrámos no Palácio depois a passar um imponente arco triunfal, evocativo da visita de el-rei D.João VI. Este palácio foi construído no finais do século XVIII por Daniel Gildemeester. È realmente uma imponente obra a merecer a nossa visita. Não nos demorámos mais tempo que o necessário para uma rápida vista de olhos. Tinhamos de ir ainda ao palácio de Monteserrate e para lá nos dirigimos atravessando um caminho ladeado por muros de pedra cobertos de era e de vinha virgem amarelecida pela forte estiagem que se fazia sentir. Este palacete é um dos mais interessantes representantes do romantismo em Sintra, com uma enorme torre em forma circular e cúpulas elevadas de grande beleza. È realmente digno de se ver. Belos os seus jardins com exemplares arbóreos de grande envergadura e beleza.

23.2.05


A Pena. Um palácio de conto de fadas. Uma mescla bem conseguida de diferentes traços arquitectónicos. Posted by Hello

Eça de Queiroz e eu. Uma viagem imaginária. (4)

A imponência do Castelo da Pena subjuga o visitante quando nos aproximamos pela estrada, íngreme, bordejada por pedras e muros de barro. Aqui e ali uma ou outra entrada para terrenos particulares, assinala a presença de construções de veraneio. De veraneio, porquanto de inverno Sintra é um suplício de humidade e quase sempre envolto em manto de nevoeiro. Mas voltando à Pena diremos que esta preciosidade constitui o mais completo e notável exemplar representativo da arquitectura portuguesa do Romantismo, remontando a 1840 o início da sua construção. Foi o Barão de Escheweg que o fez erguer sobre as ruínas de um antigo mosteiro, dando-lhe um majestoso “toque” inspirado nos castelos e palácios bávaros. Uma construção muito fantasiosa, mescla de arte mourisca, gótica e manuelina com uma forte inspiração no espírito Wagneriano dos castelo Schincker da Europa Central.
Do alto da Pena avistam-se largas paisagens que são um deleite para os olhos, mostrando a sensibilidade do Deus criador ao manusear o pincel naquela paleta. Simplesmente soberbo.
O Eça foi fazendo suas anotações, observando pequenos detalhes que ao comum dos mortais passariam despercebidos, mas que seriam importantes para o seu livro. O seu silêncio durante estes momentos, que eu respeitava, era uma forma de interiorizar aqueles locais, e que jorrariam como uma torrente de acontecimentos, quando deles precisasse para os seus escritos.
A jornada na serra estava terminada e regressámos a Sintra pelo mesmo caminho. Ali em baixo estava à nossa frente o lindo Palácio da Vila com as suas imponentes chaminés. Este é o único sobrevivente dos paços reais medievais em Portugal, tendo sido construído sobre a residência de antigos muçulmanos, e é paço real desde o início da monarquia. O aspecto actual deve-se aos reis D.João Primeiro e a D. Manuel Primeiro.

Castelo dos Mouros "protegendo" Sintra Posted by Hello

Castelo dos Mouros e a sua localização estratégica. Posted by Hello

Eça de Queiroz e eu. Uma viagem imaginária. (3)

Como pretendíamos pernoitar em Sintra, fomos directos ao Lawrence Hotel, deixar as nossas pequenas malas de mão. Erigido em 1764 este é o mais antigo da península ibérica e uma das mais antigas hospedarias da Europa. Consta que ter feito as delícias de Lord Byron, entre outros.
Almoçámos no hotel, na sua esplêndida sala, com vista para a serra de Sintra, entre ilustres desconhecidos, de modos e aspecto muito fino a condizer com o requintado hotel. O Eça apresentou-me a Jane Lawrence Oram, uma velha senhora inglesa, herdeira e dona daquele magnífico hotel, na sua família desde há mais de cem anos.

De tarde vieram os dois burricos para irmos visitar a Pena com seus jardins e caminhos serpenteando entre frondosas árvores, provávelmente plátanos, e com os seus velhos carvalhos e arbustos de grande porte. Mas antes, percorremos as enormes muralhas do castelo mourisco, estratégicamente construído, nas rochas e sobranceiro à vila, com uma visibilidade tão profunda quanto a vista alcança. Desde a formosa várzea até ao mar, alcançando a Ericeira e Mafra de que se via o imponente mosteiro. Bem conservado ainda este monumento.

22.2.05


Sintra - Exuberante. Património Mundial. Posted by Hello

Eça de Queiroz e eu. Uma viagem imaginária. (2)

A caminho de Sintra, percorremos uma estrada ladeada de boas casas com enormes terrenos circundantes. Passámos frente à Igreja, de fundação medieval, recuperada por D. Álvaro de Castro em 1565. É uma igreja de uma só nave coberta por abóbada artesonada quinhentista, e revestida nas paredes laterais de magníficos azulejos azuis e brancos, de oficina lisboeta da 1ª metade do século XVIII, representando cenas da vida de S. Pedro. No interior da sacristia tem um Cristo em marfim de fabrico luso-oriental do sec.XVII.
Percorridos cerca de dois quilómetros entrámos na vila de Sintra, pelo lado sul tendo à nossa direita a enorme mata frondosa que se estende até aos rochedos do Castelo dos Mouros e pela frente um extenso vale verdejante com bastante casario. Sobressaem desta paisagem as duas longas chaminés do palácio da vila de Sintra.
A paisagem domina-nos pela sua exuberante beleza. O seu excelente microclima faz-nos suportar o verão, e que em Lisboa atingira os trinta graus. Aqui uma brisa ligeira e humidade suficiente, faziam a temperatura baixar cerca de oito graus. È esta característica do clima de Sintra que a diferencia de toda a província da Estremadura. Por isto foi escolhida pelos nossos reis para a instalação da residência de Verão.

Igreja de São Pedro de Penaferrim - Sintra Posted by Hello

21.2.05

Eça de Queiroz e eu. Uma viagem imaginária. (1)

Estava à porta do Hotel Central em Lisboa quando encontrei o Eça. Contou-me da suas deambulações pela capital, e convidou-me para um passeio a Sintra, pois estava colhendo apontamentos para um novo romance, cuja acção também se desenrolaria naquela vila. O Eça disse-me para levar na minha maleta uma camisa pois iríamos lá passar uma noite. Sintra tem para mim e julgo que para todos os que a visitam, um encanto especial que nos leva a revisitá-la. Aceitei o convite e combinámos que iríamos no dia seguinte.
Saímos cedo de Lisboa e depois de uma légua percorrida por caminho ladeado por quintas e casas de fidalgos, entrámos em Queluz onde sobressai o seu palácio e jardins cuja construção se iniciou em 1758. Mas como nosso destino era Sintra não nos quedámos por muito tempo em Queluz, que visitaríamos no regresso, no dia seguinte. Percorrida mais uma dezena que quilómetros, aproximámo-nos de uma majestosa serra coberta de muito arvoredo e vegetação, no alto da qual, a Pena e o seu palácio, dominam toda a região.
Entrámos pelo caminho de S. Pedro de Sintra, que nos pareceu melhor conservado. Convém recordar que há um outro acesso à vila, um pouco mais à direita, em caminho irregular, íngreme e sinuoso, caminho tendo à esquerda algumas propriedades muradas e algumas casas de boa qualidade, bem cuidadas, diria mesmo de gente de dinheiro, enquanto à direita, nos debruçamos sobre a linda e extensa várzea de Sintra com os seus enormes terrenos de cultivo, pontilhada aqui e ali por umas quantas casas. Destes terrenos cultivados saem muitos produtos para abastecimento a Lisboa, e outros são vendidos em S.Pedro na sua mui antiga feira, que ali se realiza desde os tempos da ocupação cristã, e que é conhecida pela variedade e qualidade de produtos que ali se comerciam Como era domingo, dia de feira, foi com dificuldade que atravessámos a aldeia. A estrada é o local da feira, que é contida pelo casario lateral. Burricos carregados com cestas cheias de produtos hortícolas, aldeões de jaqueta e casaca, senhores e criadagem de tudo se vê nesta feira. E hoje estava especialmente concorrida. Finalmente aceleramos a marcha da carruagem no caminho da vila de Sintra.

20.2.05

Com a maioria absoluta

o governo socialista deixa de poder atribuir aos partidos da oposição as culpas para não atingir os seus objectivos anunciados, ou para não avançar com as reformas prometidas.
E agora meus senhores ?

17.2.05

Subsídio vitalício para "menino azul"

finalmente atribuído um apoio para esta família sofredora com a doença do filho. Foi preciso a mãe ter vindo para a comunicação social televisiva para que o assunto merecesse apoio e celeridade na resolução.
Ver a notícia aqui..
Mais uma demonstração do poder da informação...

16.2.05


Estremoz. Uma foto muito interessante. Este Portugal é mesmo lindo... Posted by Hello

Interessante

os tipos de pão produzidos, alguns desconhecidos, mas específicamente destinados a grandes e especiais consumidores. Não vi ali o tão agradável pão de alho... A ver aqui esta interessante actividade : http://www.primiciasdotrigo.com.br/

Ponte Vasco da Gama, unindo as duas margens. Quantas pontes se podem construir para juntar ideias, acções e intenções ? Posted by Hello

Reencontros

após umas dezenas de anos sem saber de amigos, de antigos colegas de escola e até mesmo de alguns familiares, tem sido o meu dia a dia destas últimas semanas. Graças a uma maior disponibilidade de tempo, e ao interesse por esta coisa nova da tecnologia da comunicação electrónica chamada de internet, foram possiveis reencontros, uns procurados e outros inesperados. Acabei sabendo de antigos colegas, uns directamente, e outros que foram prevenidos que eu aparecera, e me vieram procurar. E tive a grata alegria do voltar a saber de quem connosco partilhou no mesmo tempo e o espaço na nossa mocidade, na idade que mais nos marca a todos.
E também membros de minha família acabaram sendo "apanhados", já que uns estavam mesmo perdidos de qualquer contacto, e algumas diligências para deles saber foram infrutíferas. O milagre que conseguiu ajudar estes contactos foi o forum da diáspora angolana que recomendo. ( http://www.sanzalangola.com)
E acabei por ter acesso a fotografias antigas e actuais de Angola que me fazem reviver bons momentos.
Nestas emoções que estou vivendo, destaco a capacidade da memória em trazer á superficie acontecimentos, rostos e imagens que pensávamos há muito perdidos, como que uma melhoria das perfomances da memória por via dos exercícios e esforço. Interessante.

15.2.05

Doenças incuráveis, incapacitantes e progressivas

Meu caro FL.
Grato pela sua mensagem. Lamento a sua sorte, mas há que ser optimista, pois o assunto está em andamento, agora interrompido por esta situação política e de eleições mas certamente vai voltar a movimentar-se. Cá estaremos para recordar os governantes... Promessas há sempre muitas nesta época de eleições. Dizem-me que os socialistas são sempre mais sensiveis a questões de ordem social. Vamos ver se Sócrates, ao ser confrontado com esta situação, diz como tem dito... "É muito simples".
Eu espero, e você e o outro, e o outro, e assim uns milhares de portugueses. Mantenha-se vigilante.

O que me dizem os outros: Também eu sou ...

Pelo título "Esperançado" vejo que este tema pode ter bastante interesse para mim, pois também me vou ter de reformar por incapacidade por ser portador de doença muscular, progressiva e sem cura. E ando preocupado como vou sobreviver com uma reforma baixíssima, e com gastos de transportes e fisioterapia a que me tenho de sujeitar para ter o mínimo de qualidade de vida. Aqui está mais uma voz a juntar à sua. F.L.

Uma imagem de sonho da Arrábida. Portugal é lindo. Posted by Hello

Esperançado

em que o próximo governo, qualquer que ele seja, tome finalmente a decisão de legislar sobre o apoio aos doentes de doenças crónicas, sem cura, e que foram reformados pela incapacidade em se manterem a trabalhar. É que por esta razão, viram amputada a sua contribuição para a sua reforma social, e acabam reformados com poucos anos, e menores rendimentos. Mas isso não é assim para todos os doentes. Uns, portadores de uma doença, beneficiam de apoio, se forem reformados. Se forem aposentados já não beneficiam. Aposentado é um beneficiário da Caixa Geral de Aposentações. Reformado é um beneficiário da Caixa Nacional de Pensões....Essa a diferença. Mas há mais. Ser portador de algumas doenças incapacitantes não significa que tenha qualquer apoio. Umas doenças são tomadas em conta para apoios e outras não. Resultado há uma flagrante violação da constituição. Desde Abril de 2004 que finalmente, e por uma acção do Provedor de Justiça, junto do Governo, e também pela própria CGA, que este assunto foi agendado para a constituição de uma comissão para resolução deste assunto. Desde essa data que o assunto ficou parado no gabinete do Secretário de Estado do Orçamento (estas coisas envolvem sempre o vil metal), mas nós cá estamos para ir lembrando os novos senhores da governação....

Mar açoreano.... calmo e também tumultuoso Posted by Hello

Mare nostru...

Mar tranquilo, por vezes revolto. Um golfinho na quietude do mar açoreano. O homem é como o oceano, imprevisível, calmo ou muito agitado.

O que me dizem outros: Sensações... calor e frio

Meu amigo, cruzava algumas páginas desinteressadamente e deparou-se-me este blog. Essa foto me arrebatou e me fez transportar para ela, ao menos em sonho em que esfaço. E teu breve comentário do frio me veio espicaçar uma velha sensação. Não te assustes, vou me apresentar: sou Heautontimorumenos, brasileiro, "pouso no Casa de Usher" e sou fascinado pelo frio europeu que tanto contrasta com o calor infernal que está agora no Brasil

14.2.05

Fevereiro

Hoje o vento acabou por aumentar a sensação de frio. Foi só um pouco, mas o suficiente para arejar as ideias.

Falésia Posted by Hello como isto está soturno.... como eu e como o país em que vivo.